sábado

Uma azia impossível

Esta está a ser a parte menos boa, da parte bonita que tenho vivido com alegria e com serenidade.
Estou com 5 meses e algumas semanas de gravidez, na altura que devia ser a parte boa, na altura em que supostamente se sente energia, o corpo ainda não pesa, ainda dá para preparar o enxoval e essas coisas.. e depois quando vem o terceiro trimestre... uns dizem que é às 28 semanas, outros às 26... não me importa; importa que não é agora; nessa altura sim começam os incómodos, o excesso de peso...

No livro que li dizia que com 5 meses é normal ter azia e pés inchados. Tanto mais que é Verão, está calor à brava, e eu estou entregue à inércia forçada, por ordem do Sr. Dr. :-)

A verdade é que me sinto abatida por diversas razões, num mix de coisas pequenas, que juntas me deixam abatida, acho que justificadamente:

- Insónias, durmo, acordo, durmo, acordo... xixi a meio da noite, horas sem dormir, depois adormeço quase de manhã, depois acordo tarde... Quando me levanto pareço massa para rissóis depois de passar o rolo.

- Azia, socorro, é um ardor horrível e que acaba provocando dor de arder tantas vezes seguidas. Como piora deitada, deitar-me tem mais tempero adicionado, além da insónia...

- Pés inchados.. pouco, não me posso queixar muito. Podia ser pior, é só um bocadinho e até se manifesta mais sob a forma de pés muito quentes quando estou a tentar dormir.

- Tensão baixa. No fim de semana duvidámos da sanidade da máquina. 8 de máxima 3 de mínima... não é confortável. Faz parte deste todo coerente.

- Sensação de peso, dor nas costas, respiração demasiado superficial.


O tempo passa rápido e devagar.
Quando penso nestas 24 semanas, elas voaram. Mas cada uma custou a passar, quando eu estava lá.
Lembro-me do que demorou a passar a 4ª, a 5ª semana, a 8ª, a 10ª... uma a uma lá se foram sucedendo e fico espantada quando penso que vou na 24ª
Faltam 16 até ao eventual grande dia (nunca dá para saber isto ao certo) Já vou a mais de metade, mas como é sempre a crescer, parece que o tempo dilata para a frente e encurta para trás.

Estou desconfortável. Tenho imensa coisa por fazer que não posso fazer. Sinto-me impotente perante tudo isso, e bastante desconfortável, e no entanto não me sinto com grande espaço cá dentro para me queixar porque uma espécie de censura interna cala-me logo:
- "Olha lá! Então mas isto não era o que mais querias? Tu não terías dado tudo há uns meses para saber que hoje o teu único problema era estares a sentir-te assim, mas pela razão de que tens uma bebé aí a crescer e bem?? Estás numa situação abençoada! Tens o que precisas, está tudo a correr bem... pronto, tens uns desconfortos, mas que raio! Aguenta-se tudo bem, quando se está contente!!"

E isto também é verdade.

Neste momento a bebé dá chutos na minha bexiga e tenho os pés inchados poisados em cima das chinelas que não aguento calçar. A azia tirou-me da cama onde tentava descansar.
Tenho a boca ferida, respiro mal deitada, arde-me o esófago, doem-me as costas, tenho calor, estou feita num oito. Mas estou feliz. ok? pode ser assim?


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