Que dia tão assombrosamente calminho. Levantei-me às 9h30 da manhã com vontade de tomar um pequeno almoço e tenho passado o resto do tempo numa calma quase felina. Como só os gatos sabem pachorrar...
Hoje de noite será o internamento. Vou para o meu quartinho de hospital, o primeiro lugar onde a Vera vai viver depois de nascer.
Isso será depois do jantar. Por isso hoje ainda é um dia de andar por aqui, a fazer as coisinhas simples dos dias dos quais só se espera que passam para o que seguinte possa chegar, com tantas emoções fortes que se esperam todas, todas de alegria.
Escrevi alguns artigos no site das mães de Portugal acerca de fazer família e de engravidar. O assunto "parto", hoje, não me pede para ser debatido.
Aliás já fui várias vezes ao fórum das mães e leio coisas maravilhosas que lá escreveram e já me comovi várias vezes, mas não consigo participar. Parece que dessacralizo se participar, se escrever coisas.
Quando escrevemos já estamos a diminuir um bocadinho a magia do coração que não é verbalizável. É sempre maior do que as palavras conseguem dizer.
O meu querido pai da minha bebé está a trabalhar, imagino como terá a cabeça, naquele ambiente tão hostil, tão longe do que hoje certamente tería tanta mais importância e valor se ele pudesse estar aqui connosco, a aproveitar desta calma de viver para cada pequenino momento que já parece tão, tão especial só assim, como é.
Já falei com a minha mãe e com a minha filha mais velha. Estão as duas animadas, felizes, cúmplices e maluquinhas. Devem estar um pouco tensas também, mas em velocidade cruzeiro.
Amanhã sim, será o dia de todos nos enervarmos um bocadinho.
Que coisa tão vibrante... tão viva.
A bebé está apertada, coitada. desliza pés e mãos em movimentos longos que podem ver-se de fora, desenhos da minha barriga. Já não consegue dar aqueles pontapés que pareciam danças tribais, com ritmo e euforia embriónica.
Limita-se a ir procurando posições melhores. Como eu, aliás...
:-) e é assim que vamos...
terça-feira
Será ansiedade?
Tenho-me sentido mais conformada com o passar do tempo e com o ritmo que o tempo escolhe para passar, desde que comecei a sentir que o fim desta fase estava realmente próximo.
Cada dia termina comigo um pouco espantada pelo pouco que falta. Como se me tivesse habituado a que demora, e demora, e demora...
Teoricamente sinto-me conformada. Já não é novidade nenhum dos meus desconfortos. Nem novidade, nem surpreendente. São óbvias as causas, óbvia a solução.
Está tudo pronto para o nascimento da nossa bebé. Tudo lavado, preparado. Todos avisados, tudo agendado... As surpresas podem suceder, mas até para essas existe mais ou menos um plano. As malinhas estão feitas, o hospital escolhido e as vagas garantidas.
As contrações contraem-se, a barriga transforma-se em tijolo sempre que lhe apetece, nada que eu possa controlar. A bebé estrebucha. De vez enquando uma dor no fundo da barriga, de vez enquando o corpo a tentar preparar-me.
Agora chega a hora de dormir e lá levo o meu corpo de mãe lontra para a cama. Respiro mal de uma narina de cada vez. Ronco das duas. Viro-me mal. Azia... muita.
Levanto-me, vou à casa de banho, volto a deitar-me no escuro.
No tecto a luz do relógio faz um desenho irreconhecível, a não ser para mim que já o conheço.
Tudo dorme.
Menos eu.
Resolvo vir para aqui, escrevo coisas, crio sites, ocupo a cabeça. Estou cheia de fome. Não queria acordar os cães para eles não fazerem banzé, mas tenho fome. Concretamente apetece-me uma torradinha e um iogurte. É mesmo isso que me apetece.
...
Se calhar vou à cozinha, os gatos vão gostar de me ver. Vão pedir-me comida, como fazem sempre que apareço. Um gordo, gordo, gordo, a outra uma magrela incrível a comerem exactamente o mesmo, e sempre na mesma avidez.
Pesava 59 quilos antes de engravidar. Pesava 72 às 36 semanas. O meu corpo pesa-me. Estou morta por me ver livre deste peso. Compreendo melhor a obesidade agora. O impacto no esqueleto, nas articulações, no coração, na respiração... é uma experiência de desconforto e dor. Nunca mais vou olhar para alguém gordo da mesma forma. Nasceu-me um profundo lamentar e uma profunda solidariedade ainda mais consciente.
Eu própria não estava magrinha, antes de engravidar. Mas este acréscimo em menos de um ano deixou-me ideias claras acerca do que gostaria de fazer do meu corpo depois disto tudo, e espero ter forças para o fazer. Emagrecer e estabilizar num peso razoável.
Em todo o caso... agora apetece-me imenso um iogurte e uma torrada.
Acho que vou lá comer agora.
E depois era bom conseguir dormir. Sem me sentir esta dorna, sem roncar, sem dor, sem ranger parvo da cama que deu em queixar-se sempre que me deito, mexo ou levanto. oeeeeennnnk faz a cama... que em camês significa "gooooorda, que nem um texugo!"
Tola da cama!
Que falta de sensibilidade!
Cada dia termina comigo um pouco espantada pelo pouco que falta. Como se me tivesse habituado a que demora, e demora, e demora...
Teoricamente sinto-me conformada. Já não é novidade nenhum dos meus desconfortos. Nem novidade, nem surpreendente. São óbvias as causas, óbvia a solução.
Está tudo pronto para o nascimento da nossa bebé. Tudo lavado, preparado. Todos avisados, tudo agendado... As surpresas podem suceder, mas até para essas existe mais ou menos um plano. As malinhas estão feitas, o hospital escolhido e as vagas garantidas.
As contrações contraem-se, a barriga transforma-se em tijolo sempre que lhe apetece, nada que eu possa controlar. A bebé estrebucha. De vez enquando uma dor no fundo da barriga, de vez enquando o corpo a tentar preparar-me.
Agora chega a hora de dormir e lá levo o meu corpo de mãe lontra para a cama. Respiro mal de uma narina de cada vez. Ronco das duas. Viro-me mal. Azia... muita.
Levanto-me, vou à casa de banho, volto a deitar-me no escuro.
No tecto a luz do relógio faz um desenho irreconhecível, a não ser para mim que já o conheço.
Tudo dorme.
Menos eu.
Resolvo vir para aqui, escrevo coisas, crio sites, ocupo a cabeça. Estou cheia de fome. Não queria acordar os cães para eles não fazerem banzé, mas tenho fome. Concretamente apetece-me uma torradinha e um iogurte. É mesmo isso que me apetece.
...
Se calhar vou à cozinha, os gatos vão gostar de me ver. Vão pedir-me comida, como fazem sempre que apareço. Um gordo, gordo, gordo, a outra uma magrela incrível a comerem exactamente o mesmo, e sempre na mesma avidez.
Pesava 59 quilos antes de engravidar. Pesava 72 às 36 semanas. O meu corpo pesa-me. Estou morta por me ver livre deste peso. Compreendo melhor a obesidade agora. O impacto no esqueleto, nas articulações, no coração, na respiração... é uma experiência de desconforto e dor. Nunca mais vou olhar para alguém gordo da mesma forma. Nasceu-me um profundo lamentar e uma profunda solidariedade ainda mais consciente.
Eu própria não estava magrinha, antes de engravidar. Mas este acréscimo em menos de um ano deixou-me ideias claras acerca do que gostaria de fazer do meu corpo depois disto tudo, e espero ter forças para o fazer. Emagrecer e estabilizar num peso razoável.
Em todo o caso... agora apetece-me imenso um iogurte e uma torrada.
Acho que vou lá comer agora.
E depois era bom conseguir dormir. Sem me sentir esta dorna, sem roncar, sem dor, sem ranger parvo da cama que deu em queixar-se sempre que me deito, mexo ou levanto. oeeeeennnnk faz a cama... que em camês significa "gooooorda, que nem um texugo!"
Tola da cama!
Que falta de sensibilidade!
quinta-feira
37 semaninhas
37 semanonas!
Agora é tudo ão, menos as minhas forcinhas. As minhas forcinhas físicas estão um bocadinho sobrecarregadas literalmente.
As minhas forcinhas anímicas, e emocionais já estiveram pior.
Ultimamente tenho conseguido reverter mais rápido as minhas neuras. A não ser quando tenho toda a razão para "eneurar" e aí dura o que tiver de durar e pronto.
Os meus tornozelos incharam, ontem fui para o centro comercial de chinelas. E honestamente não estive nada preocupada com isso. Andei muito confortável.
O cóccis é que me mata. Já matava um pouco antes... agora então...
Respirar é bom.
A dormir passei a roncar bastante. Tanto quanto me foi dado a saber não era meu costume e é das últimas semanas ser cutucada pelo Alvaro a pedir-me que pare de roncar.
Entretanto vira-se e ronca ele.
Estamos os dois uns roncões. Acho que o nosso quarto deve parecer uma sinfonia ali a meio da noite. Uma sinfonia de trombones.
Uma destas noites disse-me que "com todo o amor, com toda a ternura" eu estava mesmo a parecer uma morça. "Aquelas que se rebolam na neve, muito pesadas, tens ideia?"
E eu respondi um grunhido de morça.
Os meus tempos de morça estão hopefully a chegar ao fim! Os dias esticam, mas as semanas não. Olho para o calendário e o ano de 2009 foi um ano muito importante para mim, e voou.
Quando vejo decorações de Natal por toda a parte tomo novamente consciência disso.
É certo que o comércio é doido e começa o Natal antes mesmo do S. Martinho... ainda anda gente de manga curta e já vejo saír caixascom lindas árvores de Natal brilhantes e coloridas.
Ontem fizemos aqui um S. Martinho pequenino em casa. Foi bonito. Foi a nossa primeira festa todos juntos.
Tivemos castanhas mas não Geropiga nem água pé. Tivemos bolo de amoras, requeijão e pringles! :-)
Na porta dos armários a minha filha colou um cartás que dizia:
S. Martinho 2009 No montijo
Depois contaram-me a história do S. Martinho e quem era S. Martinho. O porquê do Verão de S. Martinho... Vocês sabem a resposta a estas perguntas? Se não sabem têm de vir cá a casa no S. Martinho do ano que vem. Já vamos ter a Vera com quase um ano nessa altura. E quero que me contem esta história toda de novo. Ano após ano.
Para eu me lembrar que estivemos juntos todo esse tempo.
Agora é tudo ão, menos as minhas forcinhas. As minhas forcinhas físicas estão um bocadinho sobrecarregadas literalmente.
As minhas forcinhas anímicas, e emocionais já estiveram pior.
Ultimamente tenho conseguido reverter mais rápido as minhas neuras. A não ser quando tenho toda a razão para "eneurar" e aí dura o que tiver de durar e pronto.
Os meus tornozelos incharam, ontem fui para o centro comercial de chinelas. E honestamente não estive nada preocupada com isso. Andei muito confortável.
O cóccis é que me mata. Já matava um pouco antes... agora então...
Respirar é bom.
A dormir passei a roncar bastante. Tanto quanto me foi dado a saber não era meu costume e é das últimas semanas ser cutucada pelo Alvaro a pedir-me que pare de roncar.
Entretanto vira-se e ronca ele.
Estamos os dois uns roncões. Acho que o nosso quarto deve parecer uma sinfonia ali a meio da noite. Uma sinfonia de trombones.
Uma destas noites disse-me que "com todo o amor, com toda a ternura" eu estava mesmo a parecer uma morça. "Aquelas que se rebolam na neve, muito pesadas, tens ideia?"
E eu respondi um grunhido de morça.
Os meus tempos de morça estão hopefully a chegar ao fim! Os dias esticam, mas as semanas não. Olho para o calendário e o ano de 2009 foi um ano muito importante para mim, e voou.
Quando vejo decorações de Natal por toda a parte tomo novamente consciência disso.
É certo que o comércio é doido e começa o Natal antes mesmo do S. Martinho... ainda anda gente de manga curta e já vejo saír caixascom lindas árvores de Natal brilhantes e coloridas.
Ontem fizemos aqui um S. Martinho pequenino em casa. Foi bonito. Foi a nossa primeira festa todos juntos.
Tivemos castanhas mas não Geropiga nem água pé. Tivemos bolo de amoras, requeijão e pringles! :-)
Na porta dos armários a minha filha colou um cartás que dizia:
S. Martinho 2009 No montijo
Depois contaram-me a história do S. Martinho e quem era S. Martinho. O porquê do Verão de S. Martinho... Vocês sabem a resposta a estas perguntas? Se não sabem têm de vir cá a casa no S. Martinho do ano que vem. Já vamos ter a Vera com quase um ano nessa altura. E quero que me contem esta história toda de novo. Ano após ano.
Para eu me lembrar que estivemos juntos todo esse tempo.
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