terça-feira

Não vou por aí

Nunca sabemos que efeito produz o efeito que queríamos produzir.

Tu por exemplo, quiseste fazer-me sentir inteligente, e eu senti-me bonita.
Outras vezes se me dizem que estou bonita sinto-me inteligente.
Outras ainda, se me dizem para ficar calma, enervam-me. E se me dizem que me devia insurgir fazem-me sentir compassiva.
Também se me dizem para agir rápido, apetece-me ponderar.
E se me apelam à prudência, apetece-me agir.
E se me dizem "descansa" apetece-me continuar. E se me dizem "trabalha mas é" apetece-me ir apanhar ar.

Por mim tiro os outros. O que resultará do que digo? O que resultará do que tento transmitir? Uma coisa, ou o contrário dela? Ou nada?

É difícil ser impermeável à influência, vivemos mergulhados na poção mágica da vida comum. É difícil não viver num estado condicionado e estupfaciente, quando tudo provoca reacção, seja essa ou a oposta.

Sentia-me horrível, gorda e inerte. Vi-me hoje de passagem em vários espelhos que não me falaram bem de mim mesma.
Depois disseste-me coisas boas de mim, do que penso e digo e a vez seguinte que passei num espelho, o meu cabelo estava bonito e sorri por me sentir melhor comigo.
Não era o teu objectivo, nem tinhas objectivo, sequer. Mas foi o resultado, que como veio de ti, e como o que vem de ti vem bom, fiquei contente e as coisas melhoraram para mim.

Gostava de me aperceber mais vezes deste mecanismo da minha cabeça, que porque não controlo me controla, porque nem tenho consciência no pleno momento em que sucede, de ter sempre essa resposta ao contrário.
De ouvir:
- Vai por aquele caminho
e os meus pés responderem sem saber
- Não vou por aí.

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