terça-feira

Será ansiedade?

Tenho-me sentido mais conformada com o passar do tempo e com o ritmo que o tempo escolhe para passar, desde que comecei a sentir que o fim desta fase estava realmente próximo.
Cada dia termina comigo um pouco espantada pelo pouco que falta. Como se me tivesse habituado a que demora, e demora, e demora...

Teoricamente sinto-me conformada. Já não é novidade nenhum dos meus desconfortos. Nem novidade, nem surpreendente. São óbvias as causas, óbvia a solução.

Está tudo pronto para o nascimento da nossa bebé. Tudo lavado, preparado. Todos avisados, tudo agendado... As surpresas podem suceder, mas até para essas existe mais ou menos um plano. As malinhas estão feitas, o hospital escolhido e as vagas garantidas.

As contrações contraem-se, a barriga transforma-se em tijolo sempre que lhe apetece, nada que eu possa controlar. A bebé estrebucha. De vez enquando uma dor no fundo da barriga, de vez enquando o corpo a tentar preparar-me.

Agora chega a hora de dormir e lá levo o meu corpo de mãe lontra para a cama. Respiro mal de uma narina de cada vez. Ronco das duas. Viro-me mal. Azia... muita.
Levanto-me, vou à casa de banho, volto a deitar-me no escuro.
No tecto a luz do relógio faz um desenho irreconhecível, a não ser para mim que já o conheço.
Tudo dorme.
Menos eu.
Resolvo vir para aqui, escrevo coisas, crio sites, ocupo a cabeça. Estou cheia de fome. Não queria acordar os cães para eles não fazerem banzé, mas tenho fome. Concretamente apetece-me uma torradinha e um iogurte. É mesmo isso que me apetece.
...
Se calhar vou à cozinha, os gatos vão gostar de me ver. Vão pedir-me comida, como fazem sempre que apareço. Um gordo, gordo, gordo, a outra uma magrela incrível a comerem exactamente o mesmo, e sempre na mesma avidez.

Pesava 59 quilos antes de engravidar. Pesava 72 às 36 semanas. O meu corpo pesa-me. Estou morta por me ver livre deste peso. Compreendo melhor a obesidade agora. O impacto no esqueleto, nas articulações, no coração, na respiração... é uma experiência de desconforto e dor. Nunca mais vou olhar para alguém gordo da mesma forma. Nasceu-me um profundo lamentar e uma profunda solidariedade ainda mais consciente.
Eu própria não estava magrinha, antes de engravidar. Mas este acréscimo em menos de um ano deixou-me ideias claras acerca do que gostaria de fazer do meu corpo depois disto tudo, e espero ter forças para o fazer. Emagrecer e estabilizar num peso razoável.

Em todo o caso... agora apetece-me imenso um iogurte e uma torrada.
Acho que vou lá comer agora.
E depois era bom conseguir dormir. Sem me sentir esta dorna, sem roncar, sem dor, sem ranger parvo da cama que deu em queixar-se sempre que me deito, mexo ou levanto. oeeeeennnnk faz a cama... que em camês significa "gooooorda, que nem um texugo!"

Tola da cama!
Que falta de sensibilidade!

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